Mesmo com falhas, o nono lançamento do Starship – o foguete mais poderoso do mundo – marca um avanço significativo nos planos da SpaceX
Nesta terça-feira (27), o Starship, da SpaceX, maior foguete do mundo, foi lançado novamente. Isso aconteceu pouco mais de 80 dias após o oitavo voo de teste, que acabou em explosão.
O complexo veicular de 120 metros de altura decolou da Starbase, em Boca Chica, no sul do Texas (EUA), às 20h38 (pelo horário de Brasília)
O megafoguete consiste em duas partes, ambas projetadas para serem total e rapidamente reutilizáveis: um enorme propulsor de 70 metros de altura chamado Super Heavy e um estágio superior de 50 metros denominado Starship, que dá nome ao conjunto.
Como foi o 9º voo de teste do Starship
Depois de concluir a investigação sobre a perda da Starship em seu oitavo teste de voo, várias alterações de hardware foram feitas para aumentar a confiabilidade.

Lançamento do nono voo de teste do megafoguete Starship, da SpaceX, em 27 de maio de 2025. Crédito: SpaceX
O nono voo de teste do megafoguete Starship marca um avanço importante no desenvolvimento de foguetes totalmente reutilizáveis. Pela primeira vez, um propulsor Super Heavy já utilizado anteriormente (no sétimo teste) foi relançado após passar por inspeções e trocas mínimas de hardware. Dos 33 motores Raptor, 29 foram reaproveitados com desempenho validado em voo.
A separação dos estágios aconteceu pouco mais de dois minutos após a decolagem.
O booster realizou uma série de experimentos durante a subida e na descida sobre o Golfo do México, desta vez sem retornar à base de lançamento. Um dos testes envolveu a queima final com apenas dois motores, após a desativação deliberada de um terceiro (falha simulada), para avaliar a capacidade de pouso em situações não ideais.
Já o estágio superior da Starship atingiu a trajetória suborbital planejada para cumprir as metas pendentes dos voos anteriores. Um dos objetivos era realizar uma simulação de implantação orbital com oito satélites Starlink fictícios, que deveriam se autodestruir na reentrada. No entanto, isso não ocorreu dentro do planejado.

Durante a transmissão ao vivo, os apresentadores relataram que a SpaceX informou que a porta de carga útil necessária para a demonstração de implantação dos satélites não abriu totalmente como esperado. Portanto, a espaçonave não foi capaz de implantar a carga.
Também seria testado o reacionamento de um motor Raptor no espaço, mas antes disso a nave sofreu um aparente vazamento de propelente e ficou girando no espaço, tornando improvável que fosse capaz de reentrar com sucesso na atmosfera da Terra, segundo a empresa.
O vazamento comprometeu a missão. Durante a reentrada, antes de mergulhar no Oceano Índico, a espaçonave deveria colocar à prova novas configurações de proteção térmica, incluindo telhas metálicas com resfriamento ativo e conexões estruturais testadas sob calor extremo. A linha de telhas recebeu um redesenho com bordas suavizadas para reduzir pontos de calor observados em voos anteriores.

Esse voo também forçaria os limites das abas traseiras, projetando o veículo para enfrentar altas pressões dinâmicas. Todos os testes, bem-sucedidos ou não, vão fornecer dados cruciais para acelerar o desenvolvimento da Starship como veículo de lançamento reutilizável, com potencial para missões à Lua, Marte e além.
Às 21h32, a SpaceX informou no X (antigo Twitter) que, mais uma vez, a espaçonave sofreu uma “rápida desmontagem desprogramada”.
Como se o teste de voo não fosse emocionante o suficiente, a Starship sofreu uma rápida desmontagem não programada. As equipes continuarão analisando os dados e trabalhando em direção ao nosso próximo teste de voo”, diz a publicação. “Com um teste como este, o sucesso vem do que aprendemos, e o teste de hoje nos ajudará a melhorar a confiabilidade da Starship enquanto a SpaceX busca tornar a vida multiplanetária”.
Mais tarde, Elon Musk se pronunciou no X, dizendo que “não houve perda significativa de placas de proteção térmica durante a subida. Vazamentos causaram perda de pressão no tanque principal durante a fase de navegação costeira e reentrada. Muitos dados úteis para revisar”. Ainda, indicou que o intervalo de lançamentos será a cada três ou quatro semanas. “A cadência de lançamento para os próximos 3 voos será mais rápida, aproximadamente 1 a cada 3 ou 4 semanas.”